23 de out. de 2009

Notas de ontem: Post pago!

Assunto de anos atrás mas que voltou a mesa de discussão por esses dias: o tal do post pago.

Vamos por partes: o cara tem um blog, trabalha anos para criar uma personagem que será a cara desse blog e angaria algumas milhares de visitas eventuais, centenas de admiradores e dezenas de paga-paus. Certo, ele dedicou energia para atingir esse objetivo e claro merece ser recompensado monetariamente por isso. De que forma? Através de links patrocinados e dos tais publitoriais, onde ele usa a sua influencia sobre o gado para vender uma marca e ou produto. Ai rola o tal do "endorsment" ao produto/marca.


Normal, é assim que funciona a propaganda: pega-se alguem famoso (ou nem tanto) e a coloca na sua tela falando sobre um determinado produto, dando o endorsment dela. Só que enquanto esses famosos tem sua imagem / simpatia geralmente ligada a um personagem de novela ou qualquer outro programa na TV e em geral é essa imagem que a agencia compra (e também ninguém liga se ela passa a representar marcas opostas, pois a imagem dela é etérea e ligada a um programa efémero). Já um blogueiro só tem uma coisa: sua palavra, independência, carisma, identificação ou como quer que queira chamar. Se em um curto espaço de tempo ele tem sua palavra alterada sem motivo aparente (pelo menos não aparente ao leitor) fica uma situação meio chata. Afinal o produto/marca é bom ou não é? Afinal a opinião desse blogueiro pode ser comprada assim fácil? Como vou confiar na opinião dele novamente se por um valor X ele vai ter a opinião moldada de acordo com o anunciante?
Para mim a palavra dos tais formadores de opinião nunca valeram merda (no caso de resenhas e tal, em geral essas pessoas tem excelentes textos) e portanto não sirvo como métrica para os famigerados "analistas de mídias sociais/modelo/manequim/apresentador de programa infantil". Acredito que o gado sequer vai questionar e para o anunciante, entre atingir 1 milhão e ficar com a imagem arranhada com 10... acho que ela nem tem muito o que pensar.

Foi isso que aconteceu com o famoso (na internet) e operístico Carlos Cardoso. Detalhes você pega aqui nesse post do Eden e nesse do Buchecha. Uma versão mais acida, aqui o post do escriba Israel Nobre (a.k.a Kid). Atentem para os comentários também.

Minha opinião: para mim é muito fácil falar daqui da minha confortável cadeira. Não sei onde o calo dele aperta e não sei detalhes do acordo que ele firmou. Mas eu sempre digo: tudo e todos tem uma etiqueta de preços em algum lugar. Uma hora alguem vai achar a sua e você vai ter que escolher. Me agradou? Nem um pouco. Problema meu? Nem de longe.

Só acho que essa vida de blogues independentes é muito arriscado para alguem que espera tirar o sustento disso. Na minha modesta opinião de idiota, blogues como o do Cardoso deveriam fazer parte de grupos de mídia que pagariam ele para ter sua opinião veiculada, de maneira totalmente imparcial. O melhor exemplo que eu vejo desse tipo de aproach é o Walt Mossberg. Tem o background financeiro do WSJ por trás dele e por isso fala o que quiser (ou não, vai saber). Mas o próprio Cardoso as vezes fala demais queimando pontes. Escolha dele, ele sabe melhor desse assunto que eu. E antes que falem que o Mossberg é colunista e não blogueiro: acorda margarida, blogueiro é colunista em mais de um ponto de vista.

Só acho um tanto patético achar que ganhar brindes é medida de sucesso. Não é. Parece aquelas crianças que ganham a melhor bola de capotão da rua e por isso quer ser o dono do jogo. Ouso dizer que passa uma impressão barata para os possíveis clientes.

Alias, li a pouco que nos EUA quem fizer post pago e não deixar claro pode ser multado em até US$ 11000,00.

Enfim, essa é a minha opinião.

Fotos: The Fox Hole e The Rebelution

Ok, entendi... escreverei 1000 vezes no quadro negro: É BUchecha a não BOchecha.

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