13 de nov. de 2009

Será que você acertou torcendo pela Vivendi?

Soubemos a pouco que a Vivendi venceu a briga com a Telefônica pelo controle da GVT, a queridinha das empresas de telecomunicações no Brasil.
Muita, mas muita gente torceu contra a Telefônica, sem saber exatamente quem era o oponente. Pois vamos lá:


A Vivendi é uma das maiores empresas criadoras de conteúdo do mundo, dona da Canal +, Universal Music, Activision Blizzard e 20% das ações da NBC Universal (lar de 30 Rock e de diversos filmes que adoramos) alem de várias outras empresas nos mais diversos segmentos como propaganda e telecomunicações, onde eles operam a segunda maior na França (SFR) e uma companhia de telecom no Marrocos. Em telecomunicações eles não são tão expressivos quanto são em conteudo né? Isso porque o core business deles é conteudo. O resto são oportunidades. Sem duvidas uma empresa enorme, com dinheiro para expandir as operações da GVT e transforma-la de uma operação pequena para algo que realmente pode incomodar a concorrência.

Mas pense comigo: se você é uma grande produtora de conteúdo, sendo que a maior parte de seu lucro vem desse segmento, você deixaria que pessoas roubassem (vamos ser diretos, ok?) o seu dinheiro e ainda usando o sua infra-estrutura?
Não, eu não sou contra os produtores de conteúdo terem lucro por algo que eles criaram, eu costumo comprar filmes e series quando eu gosto, apesar de converte-los em formato digital. Mas eu baixo séries que estão temporadas e temporadas a frente nos EUA e aqui ainda estão passando 2 temporadas atrasado. Eu baixo filmes que apesar de terem sido lançados a meses lá fora aqui nada, como por exemplo "Rebobine por favor". Mas isso aos olhos da industria é pirataria, roubo de direitos autorais. E é um direito da industria fazer todo o possível para impedir que eles tenham seus direitos violados.

Você sabe o que é HADOPI? Em poucas palavras e uma lei francesa (que coincidencia, pais de origem da Vivendi) para proteção de direitos autorais extremamente rígida (a mais rígida do mundo), mas complicada de ser aplicada pela própria natureza da internet. Basicamente quando você é pego violando o direito autoral de alguem por duas vezes você recebe uma "reprimenda" e na terceira você é processado e pode ter seu acesso a internet bloqueado por 1 ano alem de demais sanções. Como vêem é complicada e difícil de ser aplicada, uma vez que você pode ir em qualquer cybercafe e usar a conexão. Mas como se sabe as leis não existem para serem aplicadas e sim para criar medo de modo que você pense duas vezes antes de cometer alguma ilegalidade.

O CEO da Vivendi, Sr. Jean-Bernard Levy é, claro, um grande entusiasta dessa lei. E já esta fazendo lobby para os paises vizinhos adotarem legislação parecida.

Essa é a Vivendi.


A outra é a Telefônica, bastante conhecida dos paulistas e com fama pelo resto do pais. Uma empresa de telecomunicações que opera em vários mercados ao redor do mundo no setor de telecomunicações. Claro que a Telefônica teve problemas gravíssimos e mesmo inadmissíveis a algum tempo atrás devido, acredito, a projeções errôneas de mercado. Mas o core business dela é esse: telecom. Não vender filmes ou musica. Se vender usando a rede dela, ótimo. Senão, ótimo também. Como alguns sabem eu sou paulista e usei serviços deles por anos. Em 2004 eu já tinha conexão de 8Mbps em São Paulo e tenho que dizer, na velocidade contratada e com confiabilidade (coisa que eu não tenho da Oi).

Tenho que dizer que, entre essas duas eu escolheria a Telefônica sem pensar 2 vezes. Se fosse entre a Telefônica e digamos a Deutsche Telekom, eu escolheria a alemã também sem pensar duas vezes.

Mas nessa historia toda nem tudo é tristeza e lagrimas... se você esta disposto a pagar por conteúdo o futuro tende a ser brilhante. Se você tem o modo de transporte e o produto, você pode oferecer ele de modo barato e conveniente. Yeah baby, estou falando de IPTV e download de musicas. Uma vez que você é o dono do conteúdo uma barreira já foi transposta e se ainda tiver o transporte, wow, você esta com a faca e o queijo na mão, como se diz por ai.

Eu assinaria o serviço de conteúdo "on demand" e me regozijaria em ter opções para comprar audio-visual legalmente sem a estupidez que vemos hoje na internet brasileira como por exemplo UOL musica é um lixo com musica com DRM que me impede de usar ele no Mac e o mesmo na Saraiva, que apesar de ter video para locação em modo digital, só funciona no windows devido a, mais uma vez, DRM.

Pois então é isso... se você esta disposto a pagar por conteúdo, acertou em cheio torcendo pela Vivendi. Se você quiser continuar acompanhando 30 Rock antes de ele passar no Brasil ou quiser baixar o arquivo internet.zip, bem... acho que a alternativa era melhor.

Abaixo um video do presidente da Vivendi falando no MidemNet Forum 2008:




Um video bastante interessante para falar a verdade.

Tem uma opinião diferente? Deixa ela ai nos comentários e debateremos.
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11 de nov. de 2009

Todos são jornalistas no Twitter?


Ontem foi dia de apagão. E como se sabe, virou hype e eu também entrei na onda. Mas eu vi um monte de gente "chupa velha mídia" ou "enquanto as prensas estão paradas o twitter está a todo o vapor" e coisas nesse gênero.

Para os que se acham jornalistas por twittar o acontecimento obvio eu digo, sem meias palavras: vão dar meia hora de cu! Blogueiros ou twitteiros JAMAIS vão substituir o jornalista e o papel do jornal (sem trocadilho) no cotidiano, não pelo menos como essas pessoas sonham. E eu não estou falando do jornalista com diploma pois deus sabe, mesmo eu não acreditando nele, que eu sempre fui contra essa ferramenta nojenta da ditadura, que é a obrigatoriedade de diploma para ser jornalista. Mas jornalismo se faz com duas coisas: vocação e talento.

Quando você ler uma matéria sobre o apagão "na velha mídia" não vai ter apenas "apagão atinge 5 estados" e sim analise, opinião, debate. Onde estavamos, para onde fomos e para onde devemos ir.

Quando a Rússia invadiu a Georgia eu estava em SP e comprei o Estadão para ler. Dentro uma matéria do Lourival Sant'Anna como correspondente na zona do conflito. Foi sem duvida uma das melhoras peças que eu ja li. Ele informava o ocorrido, retratava sua própria situação e dos moradores da zona de conflito com tantas cores e nuances que era como se eu estivesse lendo um livro e não uma peça jornalistica, no melhor estilo jornalismo literário. Claro que isso tudo foi devido ao talendo do jornalista e não do veiculo. Mas eu duvido que se ele escrevesse para o mariachiquinha.com eles o mandariam como correspondente de guerra. Alias um grande correspondente de guerra que tivemos, mas de veiculo televisivo é o Pedro Bial. Sim, o mesmo que apresenta o Big Brother. Se não acredita procure pelas matérias dele na guerra dos Balcãs. Enfim, ver o trabalho dos bons jornalistas é algo unico.

Entendam uma coisa: jornalismo depende vocação e talento. Isso por parte do profissional. Mas para ele colocar tudo isso em "funcionamento" ele precisa de estrutura. E além da estrutura, um sobrenome da "velha mídia" abre muitas portas.

Portanto, se ontem durante o apagão você twittou "Não tem luz na minha rua" e por isso acha que você furou a "velha mídia", pensando bem em vez de dar só meia hora de cu, vai dar uma hora completa.
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